domingo, 7 de junho de 2009

Hannah e suas Irmãs (Hannah and her sisters - 1986): Woody Allen



O filme é um apanhado da experiência de Woody Allen com o cinema, ele consegue inserir aqui seus famosos temas como religião, sexo e relacionamento sem deixar de lado seu humor característico. É um filme de abordagem leve, mas que apresenta pequenas críticas ao temas relacionados, como exemplo a fragilidade do ser humano, o não conhecer de si mesmo e outros. Apresenta uma linguagem da narrativa não segue uma linearidade e é cheia de cortes e idas e vindas no tempo, no entanto segue uma estrutura clássica, eu diria que Allen pincela o cinema moderno com uma textura clássica.

As personagens constituem uma família típica cheia de problemas, mas que se sentam ao redor de uma mesa no dia de Ação de Graças e comem, bebem e cantam se esquecendo de suas individuais particulares fora desse âmbito. No entanto, fora do ambiente familiar percebemos o perfil de cada personagem que vai sendo construído ao decorrer do filme, resultado de uma construção de personagens excelente por parte de Allen, que utiliza os mais variados ingredientes de seu caldeirão neste filme.

Temos Hannah que está sempre tentando ajudar suas irmãs, pais e marido, sendo de certa forma controladora, mesmo que ela não perceba. Sempre focada em dar ajuda, nunca em pedir, até passar por uma crise no seu casamento. Lee, sua irmã mais nova, tem um relacionamento monótono com um cara mais velho que não pensa em se casar. Engaja um relacionamento com Elliot, marido de Hannah, pois se sente desejada, se vê envolvida na possibilidade de um relacionamento sério como o de Hannah. Outra irmã é a Holly que nunca perde a esperança de ser bem sucedida em algo, mesmo que isso quase nunca ocorra. Por fim, temos Mickey, interpretado por Woody Allen, trazendo a tona sua comicidade/drama tão afinada como em “Noivo neurótico, noiva nervosa”.Apesar do título, não temos um protagonista, o filme mostra e desenvolve a história de cada personagem. O título coloca Hannah como idéia de protagonista pela maneira como as histórias de suas irmãs estão ligadas a sua (Lee tendo um caso com seu marido, Holly sempre pedindo ajuda financeira a Hannah para seus devaneios, Mickey o ex-marido...).

domingo, 19 de abril de 2009

Simplesmente Feliz (Happy-Go-Lucky - 2008): Mike Leigh



“Dizem que sou louca por pensar assim
Se sou muito louca por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz que não é feliz
Não é feliz”
(Balada do Louco – Rita Lee)


Ao me deparar com Poppy pela primeira vez tive a inquietante sensação de estar diante de alguém irritantemente feliz, efusiva ao extremo, o que foi se transformando no decorrer do filme. A personagem conseguiu me cativar aos poucos, extraindo-me sorrisos tímidos que foram gradativamente se tornando gratuitos. Poppy, ou Pauline, é mostrada como uma alegoria para a Felicidade, o que é pretensioso de se dizer, pois a felicidade não é algo que se define. No entanto, é fácil de perceber quando vemos alguém feliz, e “ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade” disse Carlos Drummond de Andrade certa vez. Assim, Poppy com seus sorrisos e ironias saudáveis vai se relacionando com outros personagens que apresentam características particulares como a sensatez, o pessimismo, a descrença e tentando cativá-los também com sua alegria.

No início do filme vemos Poppy, uma garota com roupas um tanto excêntricas e com um ar etéreo no rosto, entrar numa livraria e parar diante de um livro, “O Caminho para a Realidade”, e recusá-lo dizendo “Não quero ir pra lá” e posteriormente começar a ler trechos de outro, chamado “O Reino do Sol”. Aqui percebemos que a Felicidade não exige um estado de Realidade, que é preciso ter um pouco de fantasia para se deliciar num mundo onde o real pode ser feio e sem graça. Após sair da livraria ela percebe que sua bicicleta foi roubada, e ao contrário do que muitos de nós faríamos (pronunciar nomes tão feios e deixar a raiva nos consumir) ela apenas solta uma de suas ironias (“E eu nem tive a chance de me despedir dela”) e tira da situação um objetivo novo, o qual o filme se desenrola, Poppy decide que está na hora de aprender a dirigir.

Seu instrutor de direção, Scott é de um humor completamente oposto, sério, arrogante e mal-humorado. Enxerga as peripécias de Poppy como bobagens, brincadeiras estúpidas que não são apropriadas para ela. Com o desenrolar das aulas, Scott passa a questionar Poppy também, como se ela estivesse ganhando a confiança dele aos poucos. Nas muitas conversas que se seguem, ele diz que acordou para a vida há muito tempo e questiona Poppy “Olhe a sua volta, o que você vê? Você vê felicidade? Vê uma política de levar felicidade as pessoas? Não. Não. Você vê ignorância e medo”, aqui vemos a lente pela qual Scott enxerga o mundo, com descrença, criando muros a sua volta que o impedem de aproveitar as pequenas coisas. Poppy apenas lança um olhar de pena e ao sair do carro lhe dá um conselho: “Alegre-se!”. Apesar do conselho dado, Poppy fica pensativa sobre o que ouviu, mas não se importa tanto assim.

Mais adiante, temos uma sequência bastante metafórica do filme, ainda pensativa Poppy desvia de seu caminho e mergulha em uma atmosfera diferente, encontrando um mendigo, um louco. A alegoria aqui explícita é o encontro entre a Felicidade e a Loucura, Leigh consegue mostrar um limiar entre os dois, o quão próximo um pode estar do outro e a parte cômica, um entende o outro. Na letra da música “Balada do louco” de Rita Lee, citada no início do texto, é possível compreender essa relação. Ele deixa claro que os dois têm muito em comum, mas são distintos, fato mostrado quando Poppy e o louco se despedem seguindo por caminhos opostos.

Ao visitar sua irmã, Helen, Poppy nos apresenta outra personagem que é extremamente ligada à realidade. A sensatez e seriedade de Helen conseguem ser desconcertante, o que é percebido na expressão de seu marido. Helen diz a Poppy que ela precisa ver a vida com seriedade e que quer vê-la feliz. Poppy rebate dizendo que é feliz e que adora seu estado de liberdade. Isso irrita sua irmã, que apesar de seguir todas as regras se mostra insegura em relação a seu futuro, como se a felicidade de Poppy fosse algo insustentável para ela.

Em um trecho do filme, Poppy conhece um cara com um humor leve como o seu e tão otimista quanto. Eles se relacionam o que provoca ciúmes em Scott que deixa claro suas emoções. Neste momento há um clímax no filme, que é a discussão entre Poppy e Scott. Voltamos a idéia da alegoria se analisarmos o discurso de Scott, que em fúria diz: “Você quer que o mundo gire a sua volta, você me seduziu, você me envolveu e mentiu pra mim. Por quê? Porque você quer ser adorada”. Como se ele, que antes não sabia o que era a felicidade, mas almejasse por ela, e ao conhecê-la e se envolver com ela, a visse escapulir por suas mãos. A sensação de perder antes mesmo de ganhar. Afinal é isso que todos queremos, desejamos a felicidade, nossas ações são em prol dela, nos deixamos seduzir por ela, mas sofremos quando ela acaba, não entendemos que a felicidade é um estado passageiro. Poppy apenas responde: “Eu só queria te fazer feliz”.

Poppy no fundo é apenas um ser humano como todos os outros, mas com o diferencial de aceitar a felicidade como uma possibilidade de estado humano, como nos disse Eduardo Valente. Em alguns poucos momentos do filme, presenciamos situações as quais certamente nos deixariam tristes, mas Poppy escolheu pensar, vendo que poderia se deixar tombar ou poderia escolher sorrir e assim o fez. Por fim, saímos da sala de cinema sem saber definir o que é a felicidade, mas com a vontade de continuar buscá-la, sendo cativados pela felicidade da personagem com um sorriso tímido no rosto.

O filme segue uma estrutura clássica, retratando uma suavidade de apresentar os fatos e cenários simples e comuns. No entanto, Mike Leigh brinca nesse processo de construção utilizando os personagens, principalmente Poppy e Scott que são extremos, como se fizesse uma crítica discreta ao naturalismo comum. Ele nos faz levantar dúvidas sobre o que se passa na tela, não é apenas uma realidade estática e imutável. Nos faz pensar a respeito da felicidade, o quão atingível ela pode ser, se queremos admiti-la em nossas vidas ou declarar que de fato não a temos. A fotografia do filme foi tão bem colocada como a trilha, que acentua as emoções ao longo das cenas.

domingo, 22 de março de 2009

As Horas (The Hours - 2002): Stephen Daldry



Adaptação do romance "The Hours" de Michael Cunningham, este filme nos apresenta a vida de 3 mulheres que vivem em épocas diferentes. No entanto sofrem do mesmo pesar. A primeira, no início do séc. XX é Virgínia Woolf, escritora que sofre de depressão e tem constantes crises. Sente-se infeliz por ter sido arrastada por seu marido para um subúrbio no interior da Inglaterra. Apesar de uma forte personalidade, possui uma aparência frágil. Escreve neste período de reclusão o romance intimista "Mrs. Dolloway" que retrata a vida de uma mulher que apesar das aparências está desmoronando por dentro, como se quisesse gritar e não tivesse voz nem ninguém para ouví-la.

Sua obra seria mais tarde, nos anos 50, lida e tida como paralelo por Laura Brown, uma mulher casada e com um filho, que aparentemente tem uma vida perfeita a qual seu marido faz questão de ressaltar. Ela apenas ouve e se contorce por dentro, no entanto consegue esconder seu desespero do marido, o que não passa despercebido pelo seu filho.

No ano de 2001, conhcemos Clarissa Vaughn que se prepara para dar uma festa em homenagem a seu ex-amante e agora amigo Richard, que sofre com a AIDS. "Mrs. Dalloway" era como Richard a chamava, apesar de todo o entusiasmo e força que cercava Clarissa ele sabia das semelhanças entre as duas, sabia que Clarissa se prendia a ele, que na verdade ela não vivia.

Primeiro temos a autora do romance, segundo temos a leitora do romance e por último temos a própria personagem do romance trazida para o 'real'. Esse processo é mostrado pelo filme através de uma linguagem cheia de cortes e 'idas e vindas' no tempo. Daldry se utiliza de closes que permitam mostrar o sentimento que aflige as personagens, desde uma lágrima presa até um quebrar de ovos trêmulo. A câmera não se importa em retratar um todo, se prende a cada personagem, destacando-o do resto.

As Horas recebeu diversas premiações como prova de seu sucesso. Podemos citar o Oscar de melhor atriz para Nicole Kidman (Virgínia Woolf) incluindo outras 8 indicações, 2 Globos de Ouro (melhor filme e melhor atriz-drama para Nicole) e 2 premiações no BAFTA (melhor atriz e trilha sonora).

sábado, 21 de março de 2009

O Leitor (The Reader - 2008): Stephen Daldry



É fato que todos os anos surgem filmes que nos remetam ao Holocausto. Este é um deles, uma adaptação da obra de Bernard Schlink. No entanto o que difere O Leitor dos demais é a trama na qual ele se constrói, o holocausto é apenas um degrau de uma escada grandiosa.
Aqui temos Hanna Schmitz interpretada de forma espetacular, por Kate Winslet, uma ex-nazista que se apaixona pelo jovem Michael Berg. Mesmo com a diferença de idade e a situação hostil da época eles se apaixonam e assim permanecem por um tempo, até que Hanna desaparece da vida de Michael e este segue com sua vida, cursando a faculdade de direito. Passado alguns anos, em um dos inúmeros julgamentos que Michael vai assistir com os outros alunos, para sua surpresa ele reencontra Hanna, agora sendo julgada por crimes nazistas. Aqui Michael traz de volta todas as suas lembranças e tem a chance de inocentar Hanna pois ele se dá conta do que os espectadores mais espertos já haviam descoberto, e esse é o ápice do filme. A capacidade que o ser humano tem de discernir o passado e o presente, os atos e as pessoas, a verdade e a omissão. Michael entende que pode inocentar alguém, mas ao mesmo tempo descobre novas informações da antiga Hanna que conhecia, reservada (pelo medo que sentia de seus segredos), forte e ao mesmo tempo frágil. Teria ela merecido estar ali? Seria justo que ela pagasse de tal forma? As dúvidas que surgem na cabeça de Michael o inibem de agir de imediato. Sente-se apertado, de um lado pela culpa e de outro pelo remorso.
Kate Winlet recebeu pela interpretação de Hanna o Oscar de melhor atriz, o Globo de Ouro de melhor atriz coadjuvante, a premiação de melhor atriz coadjuvante pelo SAG (Screen Actors Guild) e o BAFTA de melhor atriz. Considerada por ela a personagem mais difícil de sua carreira.

Cidadão Kane (Citizen Kane - 1941): Orson Welles



É difícil saber por onde começar quando se trata de uma obra atemporal e magnífica como Cidadão Kane. O filme retrata a vida de um garoto pobre e feliz com o nada que tinha, este se enriquesse após sua família deixá-lo sob tutoria de um banqueiro e passa a ser uma das figuras mais ricas da sociedade. Decide se tornar dono de um jornal e se utiliza de toda sua fortuna comprando bens e pessoas para atingir seus objetivos jornalisticos e pessoais. Aqui vale o comentário de que a personalidade de Kane, da necessidade de fazer com que os outros o amem pelo seu dinheiro e influência, pode ser reflexo do abandono dos pais que de certa forma o trocaram por dinheiro. De carater duvidoso esse anti-héroi choca o público da época, tanto por suas atitudes que acusavam a profissão e a política, quanto pelo fato de ser um protagonista longe de ser o galã de sempre.
O filme inova também em aspectos técnicos como de início temos uma narrativa não-linear, que começa já com a morte do protagonista. A trama se desenvolve a partir de então. No seu leito de morte Kane profere sua última palavra, "Rosebud". O significado de tal palavra passa a ser o núcleo do filme, pelo qual Thompson, um jornalista (irônico), vai atrás. Essa foi uma jogada inteligente de Orson Welles, que brinca com o espectador tentando prender a atenção a esse fato, que nada mais é que uma ilusão. Se Kane estava sozinho em seu leito de morte, como poderiam saber que essa foi a última palavra proferida por ele? Especulação e furor jornalístico, talvez? A complexidade deste enigma é sua própria simplicidade, uma essência de impossibilidade, tanto para o personagem quanto para o espectador.
Outro fator relevante no filme é a fotografia muito bem trabalhado por Gregg Toland, que através do jogo de luz e sombra dramatiza os personagens e trabalha o ambiente. Diferentemente do Expressionismo Alemão ('o mundo é assim') aqui temos a fotografia justificando as ações das personagens, complementando-os. Como nas cenas em que Kane pratica suas 'peripécias' a sombra se sobrepõe à ele, mostrando um lado mais dark e outra que podemos citar é a cena em que Kane aparece entre dois espelhos, ressaltando a personalidade, a vaidade. Welles também traz como novidade a utilização de ângulos diferentes para a câmera, ao mostrar uma angulação de baixo para cima incluindo o teto dos ambientes (novidade) a idéia de 'heroizar' o personagem é deixada de lado, pois passa a ser uma sensação de opressão de sufocamento. É o início da linguagem cinematográfica de Griffith se desenvolvendo.
Ganhou o Oscar de melhor roteiro e foi indicado a muitos outros e o Prêmio de melhor filme pelo NYFCC (New York Film Critics Circle Awards, EUA). Foi também considerado o melhor filme de todos os tempos pelo American Film Institute. Todo o alvoroço que ronda Cidadão Kane é merecido, pois foi um divisor de águas do cinema clássico e os que estavam por vir. Podemos assistí-lo hoje e daqui a 30 anos que este nã operderá seu valor, até porque sua temática sempre será atual (e aqui espero estar errado).

quinta-feira, 19 de março de 2009

Trilogia das Cores (Trois Couleurs - 1993/1994): Krzysztof Kieslowski






Uma obra prima. Partindo do bicentenário da Revolução Francesa e comemoração da Unificação Européia, Kieslowski empenhado em filmar as dores do mundo se baseia nas cores da bandeira francesa e em seus lemas (A liberdade é azul, a igualdade é branca e a fraternidade é vermelha).

A trilogia se inicia com A Liberdade é Azul, com Juliette Binoche que após a perda do marido tenta se livrar de tudo que a faça lembrar dele, da dor de tê-lo perdido, ela busca uma liberdade tal como o céu, porém tal liberdade é impossível, cada um é livre para fazer o que quer, no entanto não nos damos conta que a maior liberdade é viver propriamente. Há no decorrer do filme a tranformação da dor em sublimação. Destaque para a trilha maestral e forte.

Em seguida, A Igualdade é branca que é 'quase uma comédia'. É repleto de ironias e pontuado por reviravoltas. A igualdade aqui é retratada por uma vingança, uma mulher (francesa) se divorcia do marido (polonês) alegando que este não teria consumido o casamento, deixando-o sem nada e perdido na França. Este por sua vez, retorna a Polônia sob condições desastrosas e consegue dar um salto em sua vida, decidindo então pregar as mesmas peças em sua ex-mulher, afinal a igualdade é branca, pura e clara.

Por fim, A Fraternidade é Vermelha é uma belíssima obra, comparados por muitos como uma 'poesia'. Apoiada em uma fotografia deslumbrante em tons vermelhos, que variam de cores de carros à bolas de boliche, o filme começa quando Valentine atropela um cachorro e decide levá-lo até o endereço lido na coleira do animal. Lá conhece um excêntrico senhor que possui o hábito de ouvir conversas telefônicas de vizinhos. O primeiro contato é marcado pelo repúdio de Irene, no entanto Kieslowski brinca com os personagens, considerando as impossibilidades, o aprofundamento de relações e acaba transformando em empatia a relação dos dois. A idéia de fraternidade que só é atingida, quando é, se despidos os repúdios iniciais, os pessoalismos, o quebrar do gelo. O filme silencioso e regado pelo Bolero de Ravel acentua ainda mais as emoções.

A Cor Púrpura (The Color Purple - 1985): Steven Spielberg



Você certamente conhece algum filme de Spielberg, provavelmente algum cheio de efeitos especiais ou algum sucesso de hollywood. No entanto poucos conhecem a faceta deste diretor mostrada neste filme. De uma sensibilidade extrema e sinceridade também. Como sempre, caprichoso nos detalhes das cenas e nas personagens, aqui não é diferente. Celie interpretada de forma explêndida por Whoopi Goldberg é o centro do filme, que retrata toda sua história. Emocionante e chocante é um drama que eu considero imperdível, apesar da duração longa, você se permite esperar até o ultimo minuto de filme. Recebeu algumas indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme e canção por 'Miss Celie's Blues' que é belíssima.

21 Gramas (21 Grams - 2003): Alejandro González-Iñárritu



Tendo no elenco Benício Del Toro e Sean Penn logo me interessei pelo filme. Com uma narrativa totalmente turbulenta de início, a trama se desenvolve como um quebra-cabeças que quando concluído revela uma imagem fantástica. Tratando de temáticas que envolvem o limiar entre o amor e a vingança e uma promessa de redenção. Como dito no filme "21 gramas é o peso que a pessoa perde quando morre", ou seja, 21 gramas é o peso que nós vivos carregamos, representa sentimentos aos quais nos sujeitamos, seria esse talvez o peso de uma vida?

quarta-feira, 18 de março de 2009

Vicky Cristina Barcelona (Vicky Cristina Barcelona - 2008): Woody Allen



"Vicky Cristina Barcelona" traz de votla Woody Allen em perfeita forma, calando os críticos que o rebaixavam por seus últimos filmes. Ele consegue obter um humor tão bom quanto o de "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" e apesar de não atuar dessa vez, é possível percebemos a presença dele em cada diálogo. A novidade fica por conta de um novo elemento que ele incrementou em seu caldeirão, a sensualidade que combina perfeitamente com o clima caliente de Barcelona. O filme aborda a estrutura mutante do ser humano e sua busca por algo sempre. Rebecca Hall, a certinha Vicky sempre quis uma vida planejada e pacata, até conhecer o 'latinlover' Juan Antonio (Javier Bardem) e se permitir entregar às emoções. Cristina (Scarlet J.) é o oposto, aventureira e disposta a tudo, no entanto nunca sabe bem o q quer, apenas sabe o que não quer e isso a move por um caminho sem fim, sua emoção, seu combustível. No decorrer do filme Cristina se envolve com o sensual Juan Antonio, que elege o prazer como seu maior guia, no entanto María Helena (Penélope Cruz) acaba entrando na trama de forma brusca, assim como deveria. Acaba se formando um triângulo amoroso, onde um indivíduo equilibra as fraquezas do outro vivendo algo momentaneamente bom, ou que eles assim pensam ser. Essa é a chave, os prazeres, os momentos, que conduzem e se fazem presentes em nossas vidas, elevando-as ao êxtase vez ou outra. E como nada é pra sempre devemos aproveitar o que o agora oferece, pois como seres humanos a insatisfação nos pertence e os prazeres são nossos por direito, então aproveite!
Recebeu o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante para Penélope Cruz.

Fale com ela (Hable con ella - 2002): Pedro Almodóvar



Roteiro fantástico. Tema forte. De uma maturidade incrível Almodóvar faz um filme brilhante. Pode não ser uma obra prima, mas com certeza é diferencial. A leveza do roteiro não permite que as atenções do filme se percam no sórdido, ele nos conduz de forma serena a outros focos. O uso da metalinguagem no decorrer do filme nos indica o que está prestes a acontecer – cena teatral do início, e o curta em preto-branco. Apesar de as protagonistas serem duas mulheres, o discurso se dá entre os homens. Misturas de características masculino/feminino nos personagens e por fim problemas de relacionamento, amores incondicionais seja pela amada, seja pelo amigo. Muito bom filme.

Transamérica (Transamerica - 2005): Duncan Tucker



Uma delícia de assistir. Apesar do tema forte, Duncan consegue transmiti-lo com leveza e naturalidade que convence. Um pai transexual e um filho prostituto, um por opção outro por necessidades circunstanciais. “A vida é uma viagem, precisamos apenas escolher um caminho” – capa do filme. No decorrer da viagem o crescente entrosamento de ‘pai’ e filho que não se conhecessem realmente é empolgante, cada um entendendo as diferenças a seu modo, explodindo ao encará-las de frente, e ambos em busca de encontrarem a si mesmo. Situações cômicas sem apelação surgem no decorrer do filme assim como dramas fortes. Atuação de Felicity Huffman extraordinária.

Notas sobre um escândalo (Notes on a Scandal - 2006): Richard Eyre



Judi Dench em uma atuação fantástica, é possível sentir a inveja, o rancor e a amargura sendo expelidos dela a cada cena. Como Sheba (Cate Blanchett) definiu: uma Vampira. A frieza e a falta de escrúpulos de Bar, retratam uma vida de fracassos e rejeição, na qual sente prazer apenas nas palavras escritas em seus diários, que são como uma espécie de emoção no roteiro de sua vida-filme vazia. Um parasita. Ela diz "é importante discernir o que é real do que é conveniente" no entanto ela não sabe o que isso quer dizer. Sua vida inteira fôra a vida dos outros... e uma explicação para sua solidão talvez seja isso, ela quer tornar os outros convenientes a ela, aproveitando-se de situações e controlando-as a seu ver, esquecendo de si mesma.

Ensaio sobre a Cegueira (Blindness - 2008): Fernando Meirelles



Adaptação da obra esplêndida de Saramago, Fernando Meirelles consegue evidenciá-la nas telas. Apesar de cenas suavizadas é possível perceber toda a crueldade por trás do ser humano enquanto homem – seu estado cru – ele desnuda o ser humano em camadas. A ‘cegueira branca’ , assim como os demais personagens inominados, são uma alegoria a sociedade-caos a qual a humanidade criou. A cegueira seria como uma pausa nessa linha conturbada e rotineira que estamos vivendo. Nela é possível perceber o caos até então atenuado. É nela que os valores morais são retomados para um novo começo talvez (momento no qual a visão é retomada). A própria falta de nomes, tempo e espaço, retrata que este fato pode se passar no ontem, no hoje e no amanhã.

Banquete do Amor (Feast of Love - 2007): Robert Benton


Não podemos culpar ninguém por esse alguém gostar de outra pessoa. O amor é um sentimento magnífico enquanto dura, cabe a nós mantê-lo bom quando termina. Sempre somos capazes de amar de novo e de novo e de novo... temos que aceitar a simplicidade e a naturalidade como as coisas acontecem e não ficar sempre nos lamentando por não ter dado certo. O filme apesar de um pouco superficial, é gostoso de ver, pois desperta vários tipos de pensamentos sobre como conduzir o amor.

Os Infiltrados (The Departed - 2006): Martin Scorsese


Um filme de narrativa muito bem amarrada e inteligente, apesar de ser um filme que trata do mundo do crime, não exibe explosões e tiros gratuitos, Scorsese se volta para a trama dos personagens e leva o espectador a cada minuto pensar em quem é vilão ou não-vilão - sem heróis.

Dogville ( Dogville - 2003): Lars Von Trier


Originalidade de apresentação, o filme se passa num único cenário, com espaços demarcados de giz no chão e iluminação artificial. Nicole atuando muito bem. Este é o primeiro filme de uma trilogia sobre a sociedade norte-americana, onde podemos tirar várias interpretações. Se passa pós-depressão com a queda da bolsa de 1929.

Party Monster (Party Monster - 2003): Fenton Bailey/ Rand Barbato


Retrata o nascimento da cultura clubber nos anos 80. Divertido de ver, o filme todo parece um longo clipe, cheio de cores e música.

O último beijo (The Last Kiss - 2006): Tony Goldwyn


Um cara de quase 30 anos, um casamento – o qual é visto como uma prisão cheia de obrigações – vê em uma jovem colegial a alternativa de fuga para a vida que foi e está sendo deixada para trás, no entanto vê que vale a pena discernir o fugaz do que é verdadeiro.

Across the Universe (Across the Universe - 2007): Julie Taymor



Meu musical favorito atualmente. Totalmente baseado no universo dos Beattles, assistí-lo é como voltar no tempo, pois retrata movimentos de contra-cultura, psicodelia, Woodstock e protestos contra a guerra do Vietnã. Ele peca em alguns pontos por excessos, mas ainda assim é impossível vê-lo apeas uma vez. A trilha é maravilhosa, sendo as canções dos Beattles que todos conhecem interpretadas com novas caras pelos atores, que realizam esse feito muito bem.

O escafandro e a borboleta (Le Scaphandre et le Papillon - 2007): Julian Schnabel



Podemos tirar desse filme dois pontos de vista. Um específico: a vida não pára quando um corpo para... ela é muito mais. E um geral: todos possuímos escafandros, cabe a nós lutarmos para nos libertar. Comovente e ao mesmo tempo renovador.

Juno (Juno - 2007): Jason Reitman



Com um roteiro original e envolvente Juno é um filme gostoso de assistir. Possui uma atuação leve e uma trilha que se encaixa. Gravidez na adolescência pode não ser um tema novo, mas aqui a gravidez não é retratada como um drama somente. A presença da comédia e ironia por parte de Juno dá ao filme uma mágica especial. Ua garota de 16 anos que após desistir de fazer um aborto passa a procurar 'pais' perfeitos que possam criar seu filho, enfrentando problemas que a fazem amadurecer ao longo da trama. Recebeu elogios de várias academias pelo mundo.

Diário de uma Paixão ( The Notebook - 2004): Nick Cassavetes



Um filme de romance sem muitas inovações mas com forte teor sentimental. Daqueles que te fazem acreditar na utopia de um amor para vida toda e o quão bom é se apaixonar. A química entre os atores é visível. Do estilo está entre um dos melhores para mim.

Desejo e Reparação (Atonement - 2007): Joe Wright



A inocência de uma criança, a força de algumas palavras. Combinação perigosa. Briony uma aspirante a escritora ao presenciar uma situação além de sua capacidade, cria uma versão dos fatos distorcida dando asas a sua imaginação. Assim, acusando o filho do caseiro Robbie Turner (James McAvoy) e amante de sua irmã mais velha Cecília (Keira Knightley) de um crime do qual ele é inocente e transformando drasticamente a relação entre eles. Desfecho que prende a atenção e atuações convincentes.

Peixe Grande (Big Fish - 2003): Tim Burton



Outro diretor incrível, com um universo particular. Neste filme Burton trabalha de forma magnífica a importância da fantasia em um mundo cético e 'cheio de razões'. A fantasia foi sendo deixada de lado, como uma tolice qualquer. Aqui percebemos que isso é um erro e que não podemos perder esse lado de pensar, fantasiar, sonhar.

Brilho Eterno de uma mente sem lembranças (Eternal sunshine of the spotless mind - 2004): Michael Gondry


Tendo Charlie Kaufman no roteiro, este filme supera expectativas. Primeiramente por nos apresentar um Jim Carey sensível (diferente do escrachado 'Ace Ventura'). Segundo pelo desfecho emocionante. "Abençoados sejam os esquecidos, pois tiram o melhor de seus equívocos." cita uma personagem no filme. Fugir à dor de uma lembrança é também fugir das alegrias proporcionadas por ela. Nunca se deve esquecer os bons momentos só pelo fato de eles não mais fazerem parte do nosso presente. As lembranças são sempre válidas, só precisamos aprender a trabalhá-las positivamente.

Contos Proibidos do Marquês de Sade (Quills - 2000): Philip Kaufman


Muito bom filme. Um autor libidinoso e uma jovem ingênua apixonada por suas estórias, ambos de coração puro em meio a uma sociedade maliciosa para a qual eles não estão prontos. A malícia do marquês para com a jovem, não ultrapassa mais do que as palavras, existe um limiar entre os dois que os tornam inocentes diante um do outro.

Em Busca da Terra do Nunca (Finding Neverland - 2004): Marc Forster


Encantador. Toda ficção é fruto de uma realidade bem vivida. Conta parte da biografia de Sir James Matthew Barrie, o autor de Peter Pan e o processo que o levou a escrever a sua grande obra. Kate Winslet excelente como sempre.

A Vila (The Village - 2004): M. Night Shyamalan



Apesar das críticas ao cineasta, gosto do trabalho dele. Usando mosntros da floresta como pano de fundo, retrata o medo instaurado nas sociedades modernas que incitam cada vez mais o individualismo. A alegoria sempre presente, sendo necessário ver além do que as imagens te oferecem. Assim como é feito em seus outros filmes: Sinais (extraterrestres/ recuperação da fé em si mesmo e nos outros), Fim dos tempos (vírus mortal/ sendo a morte é inevitável o que você diria aqueles que amam antes de morrer?), Sexto Sentido entre outros. Sendo este o meu favorito dele.

Beleza Americana (American Beauty - 1999): Sam Mendes



"Look closer". Nem tudo é o que aparenta ser. Essa é a idéia central do filme, que vai despindo os personagens a medida que a trama avança. Relata a condição de aparências e como todos estão suscetíveis a mantê-las ou serem enganados por ela. Fantástico.

Hairspray - Em busca da fama (Hairspray - 2007): Adam Shankman


Musical empolgante e divertidíssimo. Retratando a chegada dos anos 60 na pequena Baltimore, assim como a quebra de preconceitos, principalmente raciais que eram gritantes na época. Com direito a John Travolta como a Sra. Edna Tumblad e canções que iram fazer você inconscientemente mexer os pés.

Minha vida sem mim (Mi vida sin mi - 2004): Isabel Coixet



O que você faria se tiver que deixar sua vida para trás dentro de pouco tempo? Ela fez tudo. Intenso, o filme mostra como a vida é efêmera e como nossas vontades vã osendo deixadas de lado, até que se receba um baque que nos faz querer viver tudo que ainda podemos de uma só vez. A idéia pode parecer egoísta aos que estão a sua volta, mas neste caso não. A personagem quer sim viver intensamente, mas quer acertar todos os detalhes antes de deixar sua vida para trás, como se fosse sair dela como se sai de uma roupa a qual você guarda novamente no cabide.

Um beijo roubado (My Blueberry Nights - 2007): Kar Wai Wong


A perda. Sempre quando perdemos algo é difícil aceitar e ainda mais difícil superá-la. Assim retrata o filme, que lida com diversos tipos de perda, propriamente no campo sentimental, uma mulher traída, um homem abandonado, uma filha que perdeu a confiança do pai... Tudo regado a uma trilha de jazz deliciosa e envolvente.

Ponte para Terabítia (Bridge to Terabithia - 2007): Gabor Csupo

"Mantenha sua mente aberta". O poder de imaginação de uma criança é um instrumento poderoso e que a permite viver tudo que ela gostaria de viver. A estória retrata uma criança, filho do meio, que cresceu ouvindo às ordens do pai e convivendo com a falta de sensibilidade familiar, sem muitos amigos conhece Leslie, que o faz perceber que ele pode ser diferente, aproveitar sua idade e sorrir mais. Um filme sobre amizade e despretencioso com um desfecho emocionante.

- Closer - Perto Demais (Closer - 2004): Mike Nichols


Com várias indicações ao Globo de Ouro e ao Oscar, Closer é um filme que expõe uma visão crua sobre o amor, sem excessos. A idéia de que o amor é vulnerável e mutável. Retrata a intimidade de dois casais, a infidelidade dos mesmos e os sacrifícios ao qual nós nos propomos quando lidamos com sentimentos como o amor.

- O LABIRINTO DO FAUNO (El Laberinto del Fauno - 2006): Guillermo Del Toro.
Um filme maravilhoso que intercala realidade e ficção na medida certa, sendo a ficção um reflexo do real no imaginário de uma criança, um meio de fuga. Tem a Guerra Civil como pano de fundo para a fantasia.

3, 2, 1... Action

Um blog criado para expressar opiniões, comentários e críticas de cinema, relacionando uma vasta seleção de filmes que variam de clássicos à atuais. Passando por diversidades de gênero e origens.

"O cinema é o modo mais direto de entrar em competição com Deus." (Federico Fellini)