domingo, 7 de junho de 2009

Hannah e suas Irmãs (Hannah and her sisters - 1986): Woody Allen



O filme é um apanhado da experiência de Woody Allen com o cinema, ele consegue inserir aqui seus famosos temas como religião, sexo e relacionamento sem deixar de lado seu humor característico. É um filme de abordagem leve, mas que apresenta pequenas críticas ao temas relacionados, como exemplo a fragilidade do ser humano, o não conhecer de si mesmo e outros. Apresenta uma linguagem da narrativa não segue uma linearidade e é cheia de cortes e idas e vindas no tempo, no entanto segue uma estrutura clássica, eu diria que Allen pincela o cinema moderno com uma textura clássica.

As personagens constituem uma família típica cheia de problemas, mas que se sentam ao redor de uma mesa no dia de Ação de Graças e comem, bebem e cantam se esquecendo de suas individuais particulares fora desse âmbito. No entanto, fora do ambiente familiar percebemos o perfil de cada personagem que vai sendo construído ao decorrer do filme, resultado de uma construção de personagens excelente por parte de Allen, que utiliza os mais variados ingredientes de seu caldeirão neste filme.

Temos Hannah que está sempre tentando ajudar suas irmãs, pais e marido, sendo de certa forma controladora, mesmo que ela não perceba. Sempre focada em dar ajuda, nunca em pedir, até passar por uma crise no seu casamento. Lee, sua irmã mais nova, tem um relacionamento monótono com um cara mais velho que não pensa em se casar. Engaja um relacionamento com Elliot, marido de Hannah, pois se sente desejada, se vê envolvida na possibilidade de um relacionamento sério como o de Hannah. Outra irmã é a Holly que nunca perde a esperança de ser bem sucedida em algo, mesmo que isso quase nunca ocorra. Por fim, temos Mickey, interpretado por Woody Allen, trazendo a tona sua comicidade/drama tão afinada como em “Noivo neurótico, noiva nervosa”.Apesar do título, não temos um protagonista, o filme mostra e desenvolve a história de cada personagem. O título coloca Hannah como idéia de protagonista pela maneira como as histórias de suas irmãs estão ligadas a sua (Lee tendo um caso com seu marido, Holly sempre pedindo ajuda financeira a Hannah para seus devaneios, Mickey o ex-marido...).

domingo, 19 de abril de 2009

Simplesmente Feliz (Happy-Go-Lucky - 2008): Mike Leigh



“Dizem que sou louca por pensar assim
Se sou muito louca por eu ser feliz
Mas louco é quem me diz que não é feliz
Não é feliz”
(Balada do Louco – Rita Lee)


Ao me deparar com Poppy pela primeira vez tive a inquietante sensação de estar diante de alguém irritantemente feliz, efusiva ao extremo, o que foi se transformando no decorrer do filme. A personagem conseguiu me cativar aos poucos, extraindo-me sorrisos tímidos que foram gradativamente se tornando gratuitos. Poppy, ou Pauline, é mostrada como uma alegoria para a Felicidade, o que é pretensioso de se dizer, pois a felicidade não é algo que se define. No entanto, é fácil de perceber quando vemos alguém feliz, e “ser feliz sem motivo é a mais autêntica forma de felicidade” disse Carlos Drummond de Andrade certa vez. Assim, Poppy com seus sorrisos e ironias saudáveis vai se relacionando com outros personagens que apresentam características particulares como a sensatez, o pessimismo, a descrença e tentando cativá-los também com sua alegria.

No início do filme vemos Poppy, uma garota com roupas um tanto excêntricas e com um ar etéreo no rosto, entrar numa livraria e parar diante de um livro, “O Caminho para a Realidade”, e recusá-lo dizendo “Não quero ir pra lá” e posteriormente começar a ler trechos de outro, chamado “O Reino do Sol”. Aqui percebemos que a Felicidade não exige um estado de Realidade, que é preciso ter um pouco de fantasia para se deliciar num mundo onde o real pode ser feio e sem graça. Após sair da livraria ela percebe que sua bicicleta foi roubada, e ao contrário do que muitos de nós faríamos (pronunciar nomes tão feios e deixar a raiva nos consumir) ela apenas solta uma de suas ironias (“E eu nem tive a chance de me despedir dela”) e tira da situação um objetivo novo, o qual o filme se desenrola, Poppy decide que está na hora de aprender a dirigir.

Seu instrutor de direção, Scott é de um humor completamente oposto, sério, arrogante e mal-humorado. Enxerga as peripécias de Poppy como bobagens, brincadeiras estúpidas que não são apropriadas para ela. Com o desenrolar das aulas, Scott passa a questionar Poppy também, como se ela estivesse ganhando a confiança dele aos poucos. Nas muitas conversas que se seguem, ele diz que acordou para a vida há muito tempo e questiona Poppy “Olhe a sua volta, o que você vê? Você vê felicidade? Vê uma política de levar felicidade as pessoas? Não. Não. Você vê ignorância e medo”, aqui vemos a lente pela qual Scott enxerga o mundo, com descrença, criando muros a sua volta que o impedem de aproveitar as pequenas coisas. Poppy apenas lança um olhar de pena e ao sair do carro lhe dá um conselho: “Alegre-se!”. Apesar do conselho dado, Poppy fica pensativa sobre o que ouviu, mas não se importa tanto assim.

Mais adiante, temos uma sequência bastante metafórica do filme, ainda pensativa Poppy desvia de seu caminho e mergulha em uma atmosfera diferente, encontrando um mendigo, um louco. A alegoria aqui explícita é o encontro entre a Felicidade e a Loucura, Leigh consegue mostrar um limiar entre os dois, o quão próximo um pode estar do outro e a parte cômica, um entende o outro. Na letra da música “Balada do louco” de Rita Lee, citada no início do texto, é possível compreender essa relação. Ele deixa claro que os dois têm muito em comum, mas são distintos, fato mostrado quando Poppy e o louco se despedem seguindo por caminhos opostos.

Ao visitar sua irmã, Helen, Poppy nos apresenta outra personagem que é extremamente ligada à realidade. A sensatez e seriedade de Helen conseguem ser desconcertante, o que é percebido na expressão de seu marido. Helen diz a Poppy que ela precisa ver a vida com seriedade e que quer vê-la feliz. Poppy rebate dizendo que é feliz e que adora seu estado de liberdade. Isso irrita sua irmã, que apesar de seguir todas as regras se mostra insegura em relação a seu futuro, como se a felicidade de Poppy fosse algo insustentável para ela.

Em um trecho do filme, Poppy conhece um cara com um humor leve como o seu e tão otimista quanto. Eles se relacionam o que provoca ciúmes em Scott que deixa claro suas emoções. Neste momento há um clímax no filme, que é a discussão entre Poppy e Scott. Voltamos a idéia da alegoria se analisarmos o discurso de Scott, que em fúria diz: “Você quer que o mundo gire a sua volta, você me seduziu, você me envolveu e mentiu pra mim. Por quê? Porque você quer ser adorada”. Como se ele, que antes não sabia o que era a felicidade, mas almejasse por ela, e ao conhecê-la e se envolver com ela, a visse escapulir por suas mãos. A sensação de perder antes mesmo de ganhar. Afinal é isso que todos queremos, desejamos a felicidade, nossas ações são em prol dela, nos deixamos seduzir por ela, mas sofremos quando ela acaba, não entendemos que a felicidade é um estado passageiro. Poppy apenas responde: “Eu só queria te fazer feliz”.

Poppy no fundo é apenas um ser humano como todos os outros, mas com o diferencial de aceitar a felicidade como uma possibilidade de estado humano, como nos disse Eduardo Valente. Em alguns poucos momentos do filme, presenciamos situações as quais certamente nos deixariam tristes, mas Poppy escolheu pensar, vendo que poderia se deixar tombar ou poderia escolher sorrir e assim o fez. Por fim, saímos da sala de cinema sem saber definir o que é a felicidade, mas com a vontade de continuar buscá-la, sendo cativados pela felicidade da personagem com um sorriso tímido no rosto.

O filme segue uma estrutura clássica, retratando uma suavidade de apresentar os fatos e cenários simples e comuns. No entanto, Mike Leigh brinca nesse processo de construção utilizando os personagens, principalmente Poppy e Scott que são extremos, como se fizesse uma crítica discreta ao naturalismo comum. Ele nos faz levantar dúvidas sobre o que se passa na tela, não é apenas uma realidade estática e imutável. Nos faz pensar a respeito da felicidade, o quão atingível ela pode ser, se queremos admiti-la em nossas vidas ou declarar que de fato não a temos. A fotografia do filme foi tão bem colocada como a trilha, que acentua as emoções ao longo das cenas.

domingo, 22 de março de 2009

As Horas (The Hours - 2002): Stephen Daldry



Adaptação do romance "The Hours" de Michael Cunningham, este filme nos apresenta a vida de 3 mulheres que vivem em épocas diferentes. No entanto sofrem do mesmo pesar. A primeira, no início do séc. XX é Virgínia Woolf, escritora que sofre de depressão e tem constantes crises. Sente-se infeliz por ter sido arrastada por seu marido para um subúrbio no interior da Inglaterra. Apesar de uma forte personalidade, possui uma aparência frágil. Escreve neste período de reclusão o romance intimista "Mrs. Dolloway" que retrata a vida de uma mulher que apesar das aparências está desmoronando por dentro, como se quisesse gritar e não tivesse voz nem ninguém para ouví-la.

Sua obra seria mais tarde, nos anos 50, lida e tida como paralelo por Laura Brown, uma mulher casada e com um filho, que aparentemente tem uma vida perfeita a qual seu marido faz questão de ressaltar. Ela apenas ouve e se contorce por dentro, no entanto consegue esconder seu desespero do marido, o que não passa despercebido pelo seu filho.

No ano de 2001, conhcemos Clarissa Vaughn que se prepara para dar uma festa em homenagem a seu ex-amante e agora amigo Richard, que sofre com a AIDS. "Mrs. Dalloway" era como Richard a chamava, apesar de todo o entusiasmo e força que cercava Clarissa ele sabia das semelhanças entre as duas, sabia que Clarissa se prendia a ele, que na verdade ela não vivia.

Primeiro temos a autora do romance, segundo temos a leitora do romance e por último temos a própria personagem do romance trazida para o 'real'. Esse processo é mostrado pelo filme através de uma linguagem cheia de cortes e 'idas e vindas' no tempo. Daldry se utiliza de closes que permitam mostrar o sentimento que aflige as personagens, desde uma lágrima presa até um quebrar de ovos trêmulo. A câmera não se importa em retratar um todo, se prende a cada personagem, destacando-o do resto.

As Horas recebeu diversas premiações como prova de seu sucesso. Podemos citar o Oscar de melhor atriz para Nicole Kidman (Virgínia Woolf) incluindo outras 8 indicações, 2 Globos de Ouro (melhor filme e melhor atriz-drama para Nicole) e 2 premiações no BAFTA (melhor atriz e trilha sonora).

sábado, 21 de março de 2009

O Leitor (The Reader - 2008): Stephen Daldry



É fato que todos os anos surgem filmes que nos remetam ao Holocausto. Este é um deles, uma adaptação da obra de Bernard Schlink. No entanto o que difere O Leitor dos demais é a trama na qual ele se constrói, o holocausto é apenas um degrau de uma escada grandiosa.
Aqui temos Hanna Schmitz interpretada de forma espetacular, por Kate Winslet, uma ex-nazista que se apaixona pelo jovem Michael Berg. Mesmo com a diferença de idade e a situação hostil da época eles se apaixonam e assim permanecem por um tempo, até que Hanna desaparece da vida de Michael e este segue com sua vida, cursando a faculdade de direito. Passado alguns anos, em um dos inúmeros julgamentos que Michael vai assistir com os outros alunos, para sua surpresa ele reencontra Hanna, agora sendo julgada por crimes nazistas. Aqui Michael traz de volta todas as suas lembranças e tem a chance de inocentar Hanna pois ele se dá conta do que os espectadores mais espertos já haviam descoberto, e esse é o ápice do filme. A capacidade que o ser humano tem de discernir o passado e o presente, os atos e as pessoas, a verdade e a omissão. Michael entende que pode inocentar alguém, mas ao mesmo tempo descobre novas informações da antiga Hanna que conhecia, reservada (pelo medo que sentia de seus segredos), forte e ao mesmo tempo frágil. Teria ela merecido estar ali? Seria justo que ela pagasse de tal forma? As dúvidas que surgem na cabeça de Michael o inibem de agir de imediato. Sente-se apertado, de um lado pela culpa e de outro pelo remorso.
Kate Winlet recebeu pela interpretação de Hanna o Oscar de melhor atriz, o Globo de Ouro de melhor atriz coadjuvante, a premiação de melhor atriz coadjuvante pelo SAG (Screen Actors Guild) e o BAFTA de melhor atriz. Considerada por ela a personagem mais difícil de sua carreira.

Cidadão Kane (Citizen Kane - 1941): Orson Welles



É difícil saber por onde começar quando se trata de uma obra atemporal e magnífica como Cidadão Kane. O filme retrata a vida de um garoto pobre e feliz com o nada que tinha, este se enriquesse após sua família deixá-lo sob tutoria de um banqueiro e passa a ser uma das figuras mais ricas da sociedade. Decide se tornar dono de um jornal e se utiliza de toda sua fortuna comprando bens e pessoas para atingir seus objetivos jornalisticos e pessoais. Aqui vale o comentário de que a personalidade de Kane, da necessidade de fazer com que os outros o amem pelo seu dinheiro e influência, pode ser reflexo do abandono dos pais que de certa forma o trocaram por dinheiro. De carater duvidoso esse anti-héroi choca o público da época, tanto por suas atitudes que acusavam a profissão e a política, quanto pelo fato de ser um protagonista longe de ser o galã de sempre.
O filme inova também em aspectos técnicos como de início temos uma narrativa não-linear, que começa já com a morte do protagonista. A trama se desenvolve a partir de então. No seu leito de morte Kane profere sua última palavra, "Rosebud". O significado de tal palavra passa a ser o núcleo do filme, pelo qual Thompson, um jornalista (irônico), vai atrás. Essa foi uma jogada inteligente de Orson Welles, que brinca com o espectador tentando prender a atenção a esse fato, que nada mais é que uma ilusão. Se Kane estava sozinho em seu leito de morte, como poderiam saber que essa foi a última palavra proferida por ele? Especulação e furor jornalístico, talvez? A complexidade deste enigma é sua própria simplicidade, uma essência de impossibilidade, tanto para o personagem quanto para o espectador.
Outro fator relevante no filme é a fotografia muito bem trabalhado por Gregg Toland, que através do jogo de luz e sombra dramatiza os personagens e trabalha o ambiente. Diferentemente do Expressionismo Alemão ('o mundo é assim') aqui temos a fotografia justificando as ações das personagens, complementando-os. Como nas cenas em que Kane pratica suas 'peripécias' a sombra se sobrepõe à ele, mostrando um lado mais dark e outra que podemos citar é a cena em que Kane aparece entre dois espelhos, ressaltando a personalidade, a vaidade. Welles também traz como novidade a utilização de ângulos diferentes para a câmera, ao mostrar uma angulação de baixo para cima incluindo o teto dos ambientes (novidade) a idéia de 'heroizar' o personagem é deixada de lado, pois passa a ser uma sensação de opressão de sufocamento. É o início da linguagem cinematográfica de Griffith se desenvolvendo.
Ganhou o Oscar de melhor roteiro e foi indicado a muitos outros e o Prêmio de melhor filme pelo NYFCC (New York Film Critics Circle Awards, EUA). Foi também considerado o melhor filme de todos os tempos pelo American Film Institute. Todo o alvoroço que ronda Cidadão Kane é merecido, pois foi um divisor de águas do cinema clássico e os que estavam por vir. Podemos assistí-lo hoje e daqui a 30 anos que este nã operderá seu valor, até porque sua temática sempre será atual (e aqui espero estar errado).

quinta-feira, 19 de março de 2009

Trilogia das Cores (Trois Couleurs - 1993/1994): Krzysztof Kieslowski






Uma obra prima. Partindo do bicentenário da Revolução Francesa e comemoração da Unificação Européia, Kieslowski empenhado em filmar as dores do mundo se baseia nas cores da bandeira francesa e em seus lemas (A liberdade é azul, a igualdade é branca e a fraternidade é vermelha).

A trilogia se inicia com A Liberdade é Azul, com Juliette Binoche que após a perda do marido tenta se livrar de tudo que a faça lembrar dele, da dor de tê-lo perdido, ela busca uma liberdade tal como o céu, porém tal liberdade é impossível, cada um é livre para fazer o que quer, no entanto não nos damos conta que a maior liberdade é viver propriamente. Há no decorrer do filme a tranformação da dor em sublimação. Destaque para a trilha maestral e forte.

Em seguida, A Igualdade é branca que é 'quase uma comédia'. É repleto de ironias e pontuado por reviravoltas. A igualdade aqui é retratada por uma vingança, uma mulher (francesa) se divorcia do marido (polonês) alegando que este não teria consumido o casamento, deixando-o sem nada e perdido na França. Este por sua vez, retorna a Polônia sob condições desastrosas e consegue dar um salto em sua vida, decidindo então pregar as mesmas peças em sua ex-mulher, afinal a igualdade é branca, pura e clara.

Por fim, A Fraternidade é Vermelha é uma belíssima obra, comparados por muitos como uma 'poesia'. Apoiada em uma fotografia deslumbrante em tons vermelhos, que variam de cores de carros à bolas de boliche, o filme começa quando Valentine atropela um cachorro e decide levá-lo até o endereço lido na coleira do animal. Lá conhece um excêntrico senhor que possui o hábito de ouvir conversas telefônicas de vizinhos. O primeiro contato é marcado pelo repúdio de Irene, no entanto Kieslowski brinca com os personagens, considerando as impossibilidades, o aprofundamento de relações e acaba transformando em empatia a relação dos dois. A idéia de fraternidade que só é atingida, quando é, se despidos os repúdios iniciais, os pessoalismos, o quebrar do gelo. O filme silencioso e regado pelo Bolero de Ravel acentua ainda mais as emoções.

A Cor Púrpura (The Color Purple - 1985): Steven Spielberg



Você certamente conhece algum filme de Spielberg, provavelmente algum cheio de efeitos especiais ou algum sucesso de hollywood. No entanto poucos conhecem a faceta deste diretor mostrada neste filme. De uma sensibilidade extrema e sinceridade também. Como sempre, caprichoso nos detalhes das cenas e nas personagens, aqui não é diferente. Celie interpretada de forma explêndida por Whoopi Goldberg é o centro do filme, que retrata toda sua história. Emocionante e chocante é um drama que eu considero imperdível, apesar da duração longa, você se permite esperar até o ultimo minuto de filme. Recebeu algumas indicações ao Oscar, incluindo Melhor Filme e canção por 'Miss Celie's Blues' que é belíssima.